Pergunta: Transtorno bipolar e relacionamentos
Dra Thaïs,
Sou portadora de transtorno afetivo bipolar, em tratamento há 10 anos com psiquiatra e medicação e estou estável já há 3 anos. O transtorno sempre me causou dificulades de ter relacionamentos, fazer amigos e namorar (nunca namorei, e tenho 28 anos). Apesar disso, estou cada vez mais aberta a novos relacionamentos e descobertas, visto que tenho avançado na relação afetiva.
Minha dúvida é se devo contar às pessoas desde o início sobre o transtorno, correndo o risco real de ser prontamente rejeitada e excluida dos relacionamentos, sendo que a maioria dos homens têm preconceito a respeito da doença, mesmo sem conhecê-la, e não querem nem teclar com uma pessoa com o problema. Pensam que é um tipo de loucura; Ou se devo contar após conhecer melhor a pessoa, para ela conhecer minhas qualidades e ficar menos apreensiva sobre a notícia, correndo o risco da pessoa não querer falar mais comigo, alegando relacionamento sem sinceridade.
Sei que posso educar as pessoas sobre o problema, mas geralmente elas se afastam de mim quando entendem do que se trata a doença. Não sei o que fazer em relação a isto.
Solicito orientação.
Agradeço.
Resposta:
Se sofre desse transtorno deveria estar fazendo uma psicoterapia, do mesmo jeito que toma medicamentos. Hoje em dia esses problemas costumam ser tratados de forma conjugada, usando-se instrumentos químicos e psíquicos, para que a melhora seja mais rápida e efetiva.
Se fizesse uma psicoterapia, saberia perfeitamente como abordar esse assunto com outras pessoas, uma vez que, provavelmente, o assunto estaria bem resolvido dentro de você. Parece se achar uma pessoa marcada, sem chance de ser amada. Consegue gostar de si mesma com esse tipo de problema? Acredite: todas as pessoas têm problemas, nem que seja em alguma fase de suas vidas. Uns mais fáceis, outros mais difíceis de resolver. Você, pelo menos, se trata e deve ir ao médico com regularidade, sendo acompanhada por ele em sua medicação, não é verdade?
Há muita gente seriamente comprometida psicològicamente que nega isso, não se trata e fica a vida inteira perguntando por que as coisas não correm bem. Preferem o sofrimento e a dúvida do que admitir que têm problemas. Como você não tem nenhuma doença contagiosa, não vejo por que razão teria que "confessar" a alguém um problema que, como diz, está sob controle. Alguém já chegou para você e disse, num primeiro encontro, "quero lhe dizer que sou um mentiroso"? Mas com o tempo, você irá descobrir, não é verdade?
Abraços e boa sorte!
Thaïs