Pergunta: Síndrome de Don Juan(?)
Boa tarde, recentemente li em uma revista um artigo que falava de um assunto que não sabia ..A Síndrome de Don Juan...sei a história dele..que adorava mulheres..etc.etc...mas quem não adora..?
Mas lendo com calma o artigo..vi que quem é aficionado em mulheres..que não consegue parar de pensar nelas..que quando vêem uma .. e percebem que é uma mulher interessante e difícil..fazem de tudo para conquista-las..como se fosse um jogo..depois de conquistadas ..e pior ainda depois que estas mulheres passam
a gostar do tal paquerador..eles perdem o tesão, a vontade, aquela paixão inicial e simplesmente somem..
A minha pergunta é realmente esta..isto é uma síndrome mesmo? é uma doença? tem tratamento?
pergunto isto pois me achei muito parecido com a pessoa da reportagem..e tento de qualquer forma ser notado por uma mulher..com muito carinho a conquisto, namoro e depois que ela fica apaixonada..sumo..
por favor responda estas perguntas pois sei de pessoas bem parecidas com este meu problema..se é que é um problema gostar muito de mulheres..
aliás gostei muito do seu retrato..quem sabe podemos jantar qualquer dia destes?
Resposta:
Olá!
"(...) Mas lendo com calma o artigo..vi que quem é aficcionado em mulheres..que não consegue parar de pensar nelas. (...)"
Bem, eu diria "viciado", em vez e "aficcionado". Na verdade, a questão se coloca quando, ao dizer que adora as mulheres, não consegue se fixar em nenhuma. É uma dependência que não aparece porque fica diluída numa aparente facilidade de se desvincular afetivamente.
No entanto, está sempre substituindo uma mulher por outra, não sendo capaz de passar sem ela (a mulher). O confronto com o medo é evitado pela variedade de conquistas, como se nenhuma delas fosse importante ou boa o bastante para você ficar com ela, ou seja, para você confiar nela. Todas, talvez, o apavorem porque sabe que estaria sujeito a ser "abandonado", traído etc.e a dependência ficaria a descoberto.
É uma doença, sim, e que merece ser tratada. "Todo vício é uma reação defensiva e uma fuga, um reconhecimento da falta de autonomia que lança uma sombra sobre a competência do eu." (Cf. A.Giddens). No caso dos viciados em trabalho, em que se ocupa um emprego de prestígio, a pessoa pode atuar durante muitos anos sem reconhecer inteiramente o caráter compulsivo de sua atividade. Quando surge um problema, a natureza da compulsão fica explícita. O trabalho, pode-se dizer, tem sido tudo para ele, mas tem sido também um "entorpecimento", uma experiência narcótica prolongada que embota outras necessidades ou aspirações que ele não consegue administrar diretamente. A pessoa já se acostumou a regularmente perder-se em seu trabalho, como outro, no sucesso de suas conquistas sempre renovadas.
Tanta é a compulsão ou o delírio de don Juan, que você, com a ousadia desse sedutor legendário, me convida para jantar. Acredito que possa ser-lhe mais útil em meu consultório do que num restaurante.
Um grande abraço,
Thaïs