Você é muito exigente consigo mesmo e com as pessoas ao seu redor?

Levando a vida desta maneira, é bastante provável que tudo caminhe bem e os objetivos sejam alcançados. Não há, portanto, qualquer problema, a princípio, com se querer sempre o melhor. Pelo contrário, este desejo acaba inclusive ajudando a pessoa a ser bem sucedida.
Há casos, no entanto, que extrapolam a simples busca por fazer o melhor. Estes casos acontecem quando alguém se torna exigente em excesso consigo mesmo e simplesmente não tolera qualquer outra alternativa que não seja o sucesso. Trata-se de pessoas perfeccionistas ao extremo, que não suportam errar nem toleram frustrações. Se uma coisa foi planejada de determinada forma por elas, nada diferente pode acontecer no meio do caminho. Quando crianças, provavelmente estas pessoas não queriam apenas ser bons filhos: elas precisavam ser os melhores filhos. Quando adultos, não querem apenas ser bons profissionais e fazer um bom trabalho. Exigem de si mais do que podem e não aceitam que eventualmente erram ou não conseguem o que desejam.
É natural que estas sejam pessoas difíceis de se conviver. Isso porque, se elas exigem tanto assim de si mesmas, acabam tendo a mesma exigência com quem está a seu redor. Assim como não admitem a possibilidade de errar, também não admitirão que seu colega de trabalho erre. Se sentindo cobradas além da conta, a tendência natural é que as pessoas simplesmente procurem se afastar destes perfeccionistas ao extremo.
Nos relacionamentos amorosos, a coisa se torna ainda mais complicada. O nível de exigência que estas pessoas têm consigo mesmas e com quem está à sua volta evidentemente é transposto para o companheiro ou companheira. A estes últimos é dada a complexa missão de atender as expectativas de perfeição de seus pares. Como esta perfeição é impossível, estas relações tendem a ser repleta de problemas.
Estes problemas geralmente começam, aliás, antes mesmo que o relacionamento se inicie. A própria busca por um amor já é feita a partir de um excesso de exigências das quais muitas vezes a pessoa sequer se dá conta. Sem perceber, ela procura praticamente um príncipe ou princesa encantados, ignorando o fato de que todos os seres humanos têm suas imperfeições. Assim sendo, diante de uma série de pretendentes, estas pessoas têm a capacidade de encontrar "sérios" defeitos em todos: um é muito velho, outro muito jovem, um acabou de sair de um relacionamento, outro não dá atenção suficiente, um não ganha muito bem, outro quer logo firmar compromisso... Enfim, as características mais diversas acabam sendo percebidas como defeitos inaceitáveis. O resultado não é muito difícil de se prever: a busca por um amor se torna profundamente frustrante e exaustiva.
Como evitar que tudo isso aconteça? O que fazer para não exigir demais do outro? Bem, em primeiro lugar é importante lembrar que a exigência ao outro é somente um reflexo do quanto a pessoa exige de si mesma. Por esta razão, é preciso, primeiro, tentar ser um pouco mais benevolente consigo próprio. É importante ter a consciência de que não é possível ser perfeito, que todos nós cometemos erros e que nem sempre nossos esforços são recompensados como gostaríamos. É fundamental, portanto, conseguir tolerar as frustrações que eventualmente temos em nossas vidas.
O segundo passo é aplicar o mesmo princípio aos relacionamentos amorosos. Assim como não podemos ser perfeitos, não podemos requerer do outro a perfeição. Mais do que isso, não podemos buscar alguém que se adéque perfeitamente às nossas expectativas, pois estas últimas foram criadas por nós e só existem dentro de nossas mentes. No lugar de buscar uma peça que se encaixe ao nosso quebra-cabeças, o melhor é abrir espaço para que diferentes peças possam se encaixar nele. O ideal, portanto, é ser flexível e estar aberto ao novo, ao inesperado, ao diferente. Permita-se sair do planejado e experimentar novidades, e certamente você terá surpresas bastante agradáveis e recompensadoras.